sábado, 22 de agosto de 2009

História ambiental de Cuba é tema de lançamento nesta quinta 27 de Agosto






A Associação Cultural José Marti de Minas Gerais - ACJMMG, o Sindicato da Indústria do Açucar e do Álcool de Minas Gerais- SIAMIG convidam para o lançamento, na próxima quinta-feira, 27 de agosto, a partir das 19h30m, na Casa do Jornalista, do livro " Dos bosques aos canaviais : uma história ambiental de Cuba 1492-1926", do profº. Dr. Reinaldo Funes Monzote, da Universidade de Havana. Prefaciado pelo coordenador geral da Fundación Antonio Núñez Jiménez de la Naturaleza y el Hombre, Armando Soriano, o livro nos convida à reflexão em torno na irracionalidade ambiental da racionalidade econômica. O leitor mineiro terá a oportunidade de acompanhar um debate atualíssimo em Cuba, e que serve de parâmetro para nós brasileiros.

"Quanto mais se avança rumo à construção da história ambiental cubana e caribenha, mais visíveis são as vozes que denunciaram um modo de exploração da natureza com profundas implicações a longo prazo nas ordens social e ambiental. Junto aos heróis nacionais tradicionais, políticos,militares, e paladinos do progresso e do crescimento açucareiro, deveriam constar sempre aqueles que se dedicaram ao trabalho anônimo e paciente de conhecer melhor a terra e lutar por um modo mais sustentável de proceder com ela. Muitos dos autores citados, com independência de tendências políticas ou nacionalidades, merecem um lugar especial. É o caso de JOSE MARTI, quem, atento a realidades de outros contextos, expressou preocupações similares.

Em todos eles se repetia a idéia de que a posteridade teria direito de exigir a prestação de contas pelo dano infrigido por quem destruiu os bosques sem contemplação. É impossível faze-lo com os responsáveis diretos, que há muito deixaram de existir, mas se olharmos ao nosso redor e perguntarmos até que ponto Cuba, o mundo de hoje e de amanhã são ou poderão ser indiferentes a uma relação sociedade natureza como a do açucar e dos bosques cubanos entre 1815 e 1926 : fulgurante mas insustentável !!!!

A constatação acima é do profº Drº Reinaldo Funes Manzote, da Universidade de Havana, que, a convite do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG, veio a BH proferir palestra sobre a história ambiental de Cuba e lançar seu mais recente livro : "Dos bosques aos canaviais : uma história ambiental de Cuba 1492-1926" sob o auspício da Fundação Antonio Nuñez Jiménez de la Naturaleza e el Hombre.
O professor pontua que em meados do século 19, o naturalista, Ramón de la Sagra, perguntava se a destruição dos bosques de Cuba seria inofensiva para a conservação das admiráveis condições de fertilidade da Ilha, caracterizada por uma frondosa vegetação perene e arbórea. Já à época, se apontava para uma exploração agrícola sustentável que se baseava na conservação da devida proporção entre a vegetação arbórea e herbácea, de modo que não se alterassem nocivamente as condições de salubridade, fertilidade e fecundidade do clima e terrenos da Ilha caribenha.

O trabalho de Monzote explora a contradição entre os ciclos da natureza e a atividade econômica da Cuba colonial, quando os interesses da metropóle e da nascente burguesia criolla determinaram um ritmo de deterioração dos recursos naturais, pela permanente ocupação de fronteiras agrícolas e demográficas, com a expansão açucareira em detrimento dos bosques originários, e que representou um exemplo da irracionalidade ambiental, com a perda de boa parte da diversidade biológica cubana em menos de dois séculos.

A análise histórica ambiental de Cuba transcende as categorias de análise modo de produção e relações de produção para resgatar, no legado marxista, o estranhamento produzido nos seres humanos, de que falava o jovem Marx nos Manuscritos de Paris, o qual acontece em um determinado regime social de produção quando existe a modificação radical do habitát e, por conseguinte, da relação entre os seres humanos e seu entorno.

A importância deste resgate está no fato de que pouco se discutiu sobre o implícito no crescimento moderno (agrário ou industrial) que é o consumo continuado e de grande escala dos recursos naturais frente ao aproveitamento limitado e autoregulado existente nas sociedades pré-capitalistas ou na agricultura sustentata em energia orgânica. Mesmo constituindo uma questão considerada da atualidade, ou seja, conciliar crescimento econômico, luta contra a pobreza e protação de ecosistemas, tal problemática há muito vem sendo debatida, e é este um dos méritos do trabalho de Monzote.

Tanto a preocupação conservacionista como o debate entre o público e privado são identificados pelo autor no período por ele pesquisado, quando advertências, da
parte da Marinha Espanhola, vislumbraram na exploração florestal pelos engenhos açucareiros um problema estratégico de defesa nacional . O conflito entre as atividades de criação de gado, indústria naval e açucareira resultaram em um debate sobre o melhor modo de exploração dos recursos florestais, não se restringindo à obtenção de benefícios econômicos, mas também sobre a melhor maneira de conservá-los. Instituiu-se um debate sobre as necessidades públicas de garantia de abastecimento de madeira e combustível para a defesa militar e os interesses dos donos de engenho e fazendeiros, que sustentavam a afirmação da propriedade individual e o seu direito de exploração destes recursos como a melhor garantia de uma exploração benéfica tanto do ponto de vista econômico como para a conservação das massas florestais....

Venceu o sagrado direito da propriedade e os argumentos que apontavam os prejuízos para a exploração dos recursos advindos de qualquer intervenção ou limitação sobre a propriedade individual! " ( Míriam Gontijo, jornalista, cientista da informação e diretora geral da Associação Cultural José Marti de MG) .

O lançamento acontece na Av. Álvares Cabral 400 (Casa do Jornalista) entre ruas Espírito Santo e Bahia e conta com os apoios do SJPMG e SIAMIG.







Um comentário:

  1. Olá..
    descobri o blog,atravéz da comunidade do orkut Brigada de Solidariedade a Cuba...
    Sou de Barra do Piraí, mas estou morando em Juiz de Fora, há 5 anos, achei muito legal a iniciativa de vocês, e gostaria de saber se existe algum núcleo da assoc. por aqui em JF?
    Sou educador popular, formado pelo 13 de maio/NEP.
    Parabéns mais uma vez pela iniciativa..
    saudações
    Cacinho

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