Temos o costume de avaliar um modelo a partir das nossas
referências, do modelo que nos cerca. Frequentemente somos levados a
questionar se esse modelo nos atende, se ele consegue realmente explicar
o que nos cerca. Esses modelos, ou paradigmas existem para serem
questionados.
Hoje, a imprensa nacional está relatando a "conquista" dos
cubanos que não precisam mais de visto para sair do país. A informação
solta reforça uma ideia preconcebida, bombardeada por parte da
mídia, de uma ilha-presídio. Essa conquista da liberdade apregoada pela
imprensa somada a dificuldade constantemente relatado de se adquirir
bens de consumo, desde um telefone celular até itens básicos, cria uma
caricatura de Cuba que nada mais é do que a projeção do nosso paradigma.
Essa imprensa nunca lembra que existe um vexaminoso
Bloqueio Econômico, condenado por 98% dos países mundiais em julgamento
na própria ONU, uma verdadeira afronta à soberania das nações impedindo
Cuba de manter um padrão de vida condizente com a excelente formação
intelectual e moral dos cubanos. O visto de saída existente apenas
cuidava de salvaguardar o investimento humano de anos em pesquisa
científicas e técnicas, comum em todos os países. Inclusive no Brasil,
ou esquecemos que o profissional que consegue bolsa de mestrado,
doutorado etc. no exterior assina um termo de compromisso para voltar a
trabalhar no país?
A diferença é que em Cuba o pacto social é firmado na gestação
da criança. Com ele, o Estado assegura a melhor saúde, a melhor
educação com a criança ainda na barriga da mãe. Melhor e igual para todos o que é uma afronta ao motor capitalista da desigualdade. O que a sociedade cubana cobra é que seu o cidadão ajude outras sociedades a desenvolverem um mundo mais justo. Como premiação, a ONU reconhece que Cuba possui os melhores índices de educação e saúde, perdendo apenas na análise econômica em função do "Bloqueio Econômico", uma ferramenta imperialista e um duro golpe na escalada civilizatória da humanidade.
A informação rápida, rasteira, sem análise, mas que sai estampada com alta frequência nos jornais e televisão do Brasil vem fazendo com que boa parcela da população não acredite mais na nossa imprensa e busque a melhor informação por canais de excelência do exterior como BBC, New York Times, Le Monde, La Nacion, ou jornais empastelados pelo "capitalismo Imperial", ou seja, do capital a serviço do Novo Colonialismo, como a Tribuna da Imprensa. Essa mudança de paradigma é a única que merece ser noticiada.
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